quinta-feira, 1 de abril de 2010

PELAS RUAS DE SÃO PAULO

(1º Cântico)

Sou partícula de garoa fina que escoa por veias e veios luminosos
Sou parte deste rumor sem trégua em meio aos estalidos
Pertenço a essa sistemática da pedra modificada
Meu coração é maior que o mundo
Por isso acolhe essa cidade num abraço enternecido
Sou transeunte e organismo intenso no trânsito indelével
Cheiro o ar baço, carregado de óleo Diesel
E o bafio deletério das fumigenas nuvens das fábricas insensíveis
Mas, meu orgulho é de aço, não se aquebranta.
Sou paulista de treze listras na alma
Velando pela vida irrequieta desta flor em movimento
Embora eu seja cigarra cantando para as formigas.

sexta-feira, 26 de março de 2010

CÂNTICO

Continuo flutuando barcos,
Usufruindo versos,
Entranhando a noite,
Empunhando arcos,
Quase submerso
Em estálido de açoite.

Continuo capturando motes,
Alimentando o vício,
Apunhalando o demo,
Entornando potes,
Pelo sacrifício
De onda em mar pequeno.

Continuo insinuando amores,
Disseminando o inconcluso,
O que cantando é pleno,
Doído em ardores,
No lirismo escuso
E fogo ateado ao feno.

Continuo imaginado utopias,
Apresentando o gerúndio,
Desapossando o inexato,
Na inexata poesia
Que é meu latifúndio:
Poemas na raiz do asfalto.


24/03/10